Introdução

 

    O bicho-mineiro das folhas do cafeeiro, Perileucoptera coffeella (Guérin-Mèneville,1842) (lepdoptera; Lyonetiidae), é considerado, atualmente, como a principal praga do cafeeiro no Brasil,em razão da sua ocorrência generalizada nos cafezais e também dos prejuízos quantitativos e econômicos causado por esse inseto na produção de café.

    O bicho-mineiro recebeu este nome vulgar pelo fato de as lagartas minar as folhas do cafeeiro. É uma praga exótica, tendo como origem o Continente Africano, onde três outras espécies de bicho-mineiro são encontradas: Leucoptera caffeina, leucoptera coma e Leucoptera meyrick ( Crowe, 1964). È praga monófoga, e, por isso, só ataca o cafeeiro. Sua presença foi constatada no Brasil a partir de 1851, introduzida provavelmente, através de mudas de café proveniente das Antilhas e da Ilha de Bourbon. Está restrita à região Neotropical (América do Sul e Central e à maior parte das Ilhas do Caribe).

    As primeiras referencias do inseto como praga do cafeeiro, no Brasil, datam de 1860/1861, época em que o bicho-mineiro manifestou-se em quantidade alarmante, nos cafezais da província do Rio de Janeiro e do município de Juiz de Fora, Minas Gerais. Também quase desta mesma ocasião é a notícia da existência da praga nos cafezais de São Paulo, Fazendo a ela referencias o Visconde de Taunay, em uma de suas obras, quando descreve o inseto que atacava intensamente os cafeeiros por ocasião da passagem das tropas brasileiras em Campinas, com destino ao Paraguai.

    Até 1970, as grandes infestações do bicho-mineiro no Brasil manifestavam-se através de surtos esporádicos. Citam-se, como exemplo, grande surto da praga ocorrido no Brasil em 1870 e 1944, em cafezais de Rio de Janeiro e São Paulo, e explicados, pela maioria dos autores, como um desequilíbrio entre os parasitóides do inseto(Speer, 1949/ 1950).

    A partir de 1970, o problema tem se agravado. Os ataques têm sido freqüentes e contínuos, em decorrência do plantio de forma mais arejada, no qual espaçamentos maiores visam à mecanização; da expansão da fronteira da cafeicultura; das lavouras extensivas; das extensas áreas de plantio continuo e da introdução de novas práticas culturais. Exemplo e o controle de ferrugem, em que as pulverizações de fungicidas, como aqueles à base de cobre, já foram correlacionadas com o aumento da população do bicho-mineiro (paulini et al., 1976). O adensamento de cafeeiro é uma prática, atualmente muito utilizada pelos cafeicultores, não dispensa o monitoramento e o controle químico do bicho-mineiro, além de favorecer as infestações de broca, como no passado, e a infecção pela ferrugem.

    A expansão da fronteira moderna cafeicultura brasileira, ocorrida no período 1969/1070 – 1979/1980, através da execução do plano de renovação e revigoramento de Cafezais do Governo Federal, Contribuiu involuntariamente para o aumento e a ocorrência de infestações do bicho-mineiro. Esse incremento das infestações explica-se pelo clima quente, favorável à multiplicação do inseto, característico da maioria das novas regiões de plantio e pelas grandes áreas de plantio continuo presente netas regiões, como predominância de lavouras extensivas, que disponibilizam, portanto, grande oferta de alimento para essa praga.

    A cafeicultura implantada nos cerrados do triangulo mineiro e Alto Paranaíba, em Minas Gerais, nos cerrados de  Goiás e Mato Grosso e Distrito Federal,além da cafeicultura implantada o Nordeste do brasileiro, constitui a expansão da fronteira dessa cultura no Brasil.

 

Texto retirado: Boletim Técnico no 54 – Maio/98 EPAMIG. BICHO-MINEIRO DO CAFEEIRO, BIOLOGIA, DANOS E MANEJO INTEGRADO